A primeira questão a responder é o que pretendemos fazer com o portátil. Fazer alguns documentos ou apresentações, fazer algumas consultas na Internet e tratar do email, é um uso pouco exigente da máquina e pode ser feito com modelos mais económicos. Por outro lado, o uso em jogos, produção de vídeo ou a execução de tarefas muito exigentes de processamento, já obriga a um maior cuidado na escolha das características.

As componentes com que cada fabricante constrói os vários modelos não são, normalmente, fáceis de mudar, pelo menos sem custos adicionais significativos.

Normalmente todos os portáteis têm à partida algumas características que não os diferenciam significativamente, tais como ligação a rede Ethernet Gigabit, ligação a rede WiFi com a norma 802.11n, gravador de DVD, portas USB, altifalantes, microfone, portas de headphone e de microfone e dispositivo apontador (normalmente touchpad). Na categoria dos mini-portáteis ou netbooks não existe gravador de DVD e o teclado é um pouco mais pequeno que o normal.

Vejamos, a seguir, as principais características que devemos avaliar quando comparamos diferentes portáteis.

Preço

Talvez a primeira forma de reduzir o leque de opções seja o de definirmos o preço máximo que estamos dispostos a pagar. Quando encontramos uma gama de preços entre os 450€ e os 5500€, é fácil perceber a importância deste critério. Por outro lado, quando não estamos a par do que corresponde a cada preço, pode tornar-se difícil marcar um limite logo à partida. De qualquer modo é conveniente considerar um limite, mesmo que depois nos vejamos obrigados a mudar.

Dimensão do ecrã

A dimensão do ecrã pode condicionar bastante quer o que se consegue fazer no portátil quer a sua própria portabilidade.

Ecrãs maiores, de 17”, são necessários quando precisamos de utilizar aplicações em que é importante a parte gráfica, tais como processamento de imagem ou de vídeo, ou até jogos. Normalmente estes portáteis, sendo maiores, são mais pesados mas já têm espaço para ter teclado numérico separado.

Ecrãs mais pequenos, com cerca de 13”, podem ser suficientes para uma utilização menos exigente graficamente, tal como processamento de texto, apresentações, aceder à Internet ou ao email. Sendo mais pequenos, podem ser mais leves mas o teclado numérico já costuma estar sobreposto ao alfanumérico.

Os ecrãs intermédios, de cerca de 15”, são um compromisso entre entre os dois acima.

Ecrãs menores, da ordem das 11”, já pertencem à categorias de netbooks, pois normalmente já têm capacidades mais limitadas e não têm fisicamente espaço para leitor ou gravador de DVD.

Dentre as diversas dimensões, podemos ainda distinguir entre os formatos de ecrã com proporção 4:3 e os novos formatos panorâmicos chamados wide com proporção 16:9 ou 16:10. Estes são mais interessantes quando se pretende visualizar vídeos produzidos nestes formatos.

Processador

Os processadores, que se dividem normalmente entre a Intel e a AMD, têm como características principais a considerar o número de núcleos de processamento, a velocidade medida em GHz e o tamanho da cache L2 e para alguns da L3, em que a regra é: quanto maior o número melhor. Presentemente já todos suportam o processamento de 64 bits.

Para a Intel os processadores mais antigos e consequentemente mais baratos e de menor performance são os Celeron e os Pentium, que são de evitar. Os mais recentes dividem-se entre os i3, os i5 e os i7, que já vão na terceira geração. A Intel apresenta os processadores i3 como sendo eficientes energeticamente, têm 2 núcleos de processamento, cache L2 de 256KB e cache L3 de 3 a 4MB. Os processadores i5 têm melhor desempenho, com 2 a 4 núcleos de processamento, cache L2 de 256KB e cache L3 de 4 a 8MB. Os processadores i7 são mais desenvolvidos tecnologicamente, têm 4 núcleos de processamento, cache L2 de 4x256KB, e cache L3 de 6 a 10MB.

Os netbooks podem apresentar o Intel Atom, um processador desenvolvido para baixo consumo mas mais antigo.

Os processadores AMD apresentam também uma grande variedade, sendo necessário avaliar as suas características.

Se queremos desenvolver tarefas mais exigentes em termos de processamento devemos procurar processadores i5 ou i7. Se por outro lado não temos esta exigência, processadores i3 ou os i5 mais baixos podem satisfazer as necessidades.

RAM

A RAM, sendo a memória onde são armazenadas as instruções e os dados destinados ao processamento, também segue a regra de quanto mais melhor. Presentemente já só é utilizada memória do tipo DDR3, podendo haver diferenças na velocidade do bus o que relaciona proporcionalmente com a velocidade de transferência dos dados.

Mais uma vez o uso pretendido para o portátil condiciona a quantidade mínima de memória a considerar. Se quisermos trabalhar com várias aplicações simultaneamente, com aplicações muito pesadas ou ficheiros muito grandes, devemos considerar mais memória do que se nos limitarmos a actividades mais simples.

Se teoricamente 2GB de RAM pode ser suficiente para uma utilização mais básica, a curto prazo pode tornar-se muito limitativo. Uma RAM de 4GB deve ser o mínimo prático a considerar. Para utilizações mais exigentes para a memória, então devemos considerar 6 ou 8GB. Note-se que a partir dos 4GB devemos garantir que o sistema operativo e as aplicações que utilizarmos são de 64bits para podermos efectivamente utilizar toda a memória.

Disco rígido

Os discos rígidos caracterizam-e principalmente pela capacidade, que presentemente varia entre os 250GB e 1.5TB, e pela velocidade de rotação, de 5400 ou de 7200rpm. Portáteis mais pequenos podem ter discos SSD que se caracterizam por não terem componentes mecânicos, serem mais leves e por terem capacidades muito mais limitadas (128 ou 256MB).

Atendendo ao peso que o sistema operativo, as aplicações e os diversos ficheiros, 250GB pode ser pouco. Por exemplo um computador com o sistema operativo, o Office e mais alguns utilitários pode ficar facilmente com 50GB ocupados. É preferível considerarmos um mínimo prático de 500GB para não termos a utilização comprometida a curto prazo. Se precisarmos de transportar muita informação ou ficheiros muito pesados é conveniente considerarmos 750GB ou mesmo 1TB.

De qualquer modo, em caso de necessidade podemos sempre utilizar um disco externo e ultrapassar alguma falta de espaço em disco que venhamos a sentir no futuro.

Vídeo

Um dos aspectos importantes na parte gráfica é a resolução do vídeo.

Qualquer que seja a utilização que queremos dar ao portátil haverá sempre momentos em que pretendemos ver imagens ou vídeos e nestes a alta definição tem se vindo a tornar um padrão comum. Assim, a resolução XGA (1024*768) ou WXGA/HD (1280*720) deverá ser considerada um mínimo. Dentro das WXGA pode haver pequenas variações de resolução quer na horizontal quer na vertical, no entanto, são sempre para mais e não para menos. De um modo geral, só os portáteis mais pequenos é que não cumprem este mínimo.

Se pretendermos utilizar aplicações de processamento de imagem ou de vídeo podemos ter necessidade de resoluções superiores. Neste caso podemos procurar resoluções HD+ (1600*900) ou FHD (1920*1080).

Nestas aplicações também já devemos dar atenção ao processador gráfico instalado e à memória que utiliza, que deve ser dedicada e não partilhada com a RAM principal como pode acontecer em modelos mais básicos. Os processadores gráficos com melhor desempenho estão divididos normalmente pela NVIDIA e pela AMD. Relativamente à memória gráfica podemos encontrar até 2GB.

Dimensões e peso

Relativamente às dimensões, estas são condicionadas principalmente pelo tamanho do ecrã.

O peso, apesar de ter alguma relação com as dimensões, pode variar consoante os modelos. Este critério pode tornar-se importante se precisarmos de andar com o portátil sempre connosco. Enquanto os mini-portáteis ou netbooks podem ter pouco mais de 1kg, os de 17” podem ultrapassar os 3.5kg.

Energia e autonomia

A autonomia depende, não só da capacidade da bateria, mas também do tipo de utilização que dermos ao portátil.

Presentemente, a tecnologia de iões de lítio é a que se encontra nas baterias dos portáteis pois são as que apresentam maior capacidade e são menos sensíveis ao efeito de memória, aumentando, assim, a sua vida útil.

Embora a capacidade energética das baterias se meça em Wh, à falta deste valor, podemos considerar que o número de células que compõem a bateria é uma medida aceitável da capacidade. Em computadores mais exigentes energeticamente podemos encontrar baterias de 6 e de 8 células.

Devemos ainda ter em atenção que, quando o portátil esta a funcionar em modo de bateria, este altera normalmente a configuração de funcionamento de modo a prolongar a sua duração, comprometendo a performance. Assim, sempre que estivermos a utilizar aplicações mais exigentes do computador obtemos resultados mais rápidos se estiver ligado à corrente.

Outras funcionalidades

Consoante a utilização que pretendermos dar ao portátil, podem tornar-se significativas algumas outras funcionalidades, tais como:

- Câmara web - pode ser importante quando pretendemos utilizar aplicações de vídeo-chamada, como por exemplo o Skype.

- Porta HDMI - interessa quando se pretende ligar o computador a um televisor com este tipo de entrada, por exemplo para ver vídeos de alta definição.

- Portas USB 3.0 - começam a aparecer com mais frequência e, dado que são compatíveis com as versões anteriores, são preferíveis pois conseguem teoricamente uma velocidade máxima de transmissão de dados de 5Gbit/s, enquanto que as USB 2.0 se limitam a 480Mbit/s.

- Slot de expansão para cartões SD - estes cartões, sendo muito utilizados em diversos equipamentos como máquinas fotográficas ou telemóveis, com este slot transferir informação de e para o computador torna-se mais fácil.

- Sistema operativo - a maior parte dos portáteis para uso pessoal são fornecidos com sistema operativo Windows 7 na versão Home Premium, enquanto que a maioria dos destinados a uso profissional têm a versão Professional. A principal diferença é que só com a versão Professional é possível integrar o portátil num domínio e aceder a todos os recursos disponibilizados através da rede informática da empresa. Numa utilização autónoma funcionam ambas bem. Mais recentemente começaram a surgir alguns portáteis com o novo Windows 8.

Fabricantes

Os sites dos fabricantes são o melhor recurso para encontrarmos com mais detalhe as especificações de cada equipamento. Além disto podemos ainda ter informação sobre a actualidade do modelo, ou mesmo se algum modelo de que encontramos referência é suportado no nosso país.

Em conclusão

Em resumo e em conclusão, a primeira coisa a definir para escolhermos um portátil é saber o que pretendemos fazer com ele. É a melhor forma de garantirmos que ele possui as características realmente importantes para nós e que pode dispensar o que não iremos utilizar e que poderá servir apenas para aumentar o custo.

Dado que as listas de produtos, incluindo dos portáteis, têm apenas um resumo das características, depois de uma primeira selecção com base nessa informação, devemos ir aos sites dos fabricantes consultar as restantes características que são para nós importantes.

Espero ter-vos ajudado com este artigo.

    Pedro Cruz

Links adicionais

Como escolher o seu Notebook - GusGraf; Forum Clube do Hardware; Brasília; 20/09/2012

Dicas para a compra de um notebook - Emerson Alecrim; InfoWester; Brasil; 03/12/2011

Como escolher um notebook - André Cardozo; Internet Group; São Paulo; 23/08/2011

Comparison of Intel processors; Wikipedia; 1/3/2013

Comparison of AMD processors; Wikipedia; 2/3/2013

List of device bit rates; Wikipedia; 8/3/2013

Graphics display resolution; Wikipedia; 7/3/2013

Universal Serial Bus; Wikipedia; 8/3/2013

Find the Best Processor with Intel® Processor Ratings; Intel; cons. em 8/3/2013

AMD Processors; Advanced Micro Devices, Inc.; cons. em 8/3/2013